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terça-feira, 3 de abril de 2012

O verdadeiro significado do jejum e da abstinência (António Coelho, s.j.)




«O Ressuscitado pede-nos para renascer, todos os dias,
para nos distanciarmos do nosso pequeno e prepotente eu,
para fazermos viver em nós um Tu maior,
para morrermos para os nossos apegos, as nossas certezas,
para darmos lugar ao deserto e esperarmos pela chuva.
Pela água que desce do céu e faz florescer até a areia.»

Susanna Tamaro, em "O Fogo e o Vento"
fonte aqui


O verdadeiro significado do jejum e da abstinência (António Coelho, s.j.)

Por tudo aquilo que podemos ver na Sagrada Escritura sobre o jejum e a abstinência, podemos afirmar que o jejum cristão não é, de modo nenhum, uma forma de estoicismo, e temos que nunca esquecer que a mortificação exterior supõe sempre a interior, de arrependimento dos pecados e da conversão a Deus, para, assim, nos entregarmos à «única coisa necessária» (cf. Col 2, 16-17; 1 Tim 4, 1-5).
O jejum e a abstinência têm também como finalidade fazer-nos lembrar de que o alimento material, embora necessário, não é tudo na vida, e que até tendo só em conta a vida humana em si, existem outras formas de «alimento»: a beleza, a cultura e tantas outras fomes, mas sobretudo o amor.
Se nos esquecermos de todas estas «fomes», incorreremos sob a dura expressão de S. Paulo: […] «O seu [dos inimigos da cruz] fim é a perdição; o seu deus é o ventre, a sua glória está no que é vergonhoso, e os seus pensamentos estão nas coisas da terra» (ver também Rm 16, 18; 1 Cor 6, 13).
Além da penitência interior de que falámos, o jejum e a abstinência verdadeiros consistem na busca e cumprimento da palavra de Deus, como alimento interior […] «Eu fui e pedi ao anjo que me entregasse o livrinho. Ele disse-me: – Toma e come-o […].Tomei o livrinho das mãos do anjo e comi-o» (Ap 10, 8ss) (ver também Ez 3, 1ss).
O jejum e a abstinência do cristão têm que se traduzir em «comer» a Palavra de Deus, para a assimilar e cumprir, na vida do dia-a-dia. Só assim chegaremos ao amor no qual consiste a perfeição, e pelo qual seremos julgados no fim do mundo (Mt 25, 35-40).
O jejum e a abstinência devem ter, na existência cristã, o valor que a Tradição lhes atribui, no âmbito da relação do homem consigo mesmo, a saber, o de integrar a sua corporeidade na totalidade da sua vida, mostrando por essa integração que «não só de pão vive o homem» (Dt 8, 3).
Tudo o que dissemos até aqui sobre o jejum e a abstinência é de muito maior importância e mais difícil do que privar-se de mais umas tantas gramas de alimento! O Cristianismo é uma religião de exigências muito maiores, como sejam, «jejuar» (não cometer) do pecado procurando, pelo contrário, cultivar as virtudes, como tantos e tantas cultivaram e cultivam, heroicamente.
Não queremos dizer com isto que não se faça jejum e abstinência, mas que estes devem ser praticados dentro do espírito evangélico, e não pelo cumprimento de uma obrigação: «A letra mata; o Espírito é que dá vida» (2 Cor 3, 6; cf. Rm 2, 27; 7, 6). E faltará a este verdadeiro espírito evangélico, por exemplo, quem não coma carne às sextas-feiras e a substitua por lagosta ou camarão… 

O jejum e a abstinência, hoje 

Há apenas umas décadas, o jejum eucarístico impunha que nem água se pudesse beber, depois da meia-noite, para poder comungar no dia seguinte. Não deixa de ser estranha esta obrigação, se nos lembrarmos que Cristo instituiu o sacramento da Eucaristia, e deu a comer o seu Corpo e a beber o seu Sangue, durante uma ceia: a ceia pascal!
Felizmente, hoje em dia, esses exageros desapareceram e o que está prescrito é mais consentâneo com esse espírito. Sobre esta matéria, diz-nos o Catecismo da Igreja Católica, no n.º 2043: «O quarto preceito da Igreja (guardar jejum e abstinência nos dias determinados pela Igreja) assegura os dias de ascese e penitência, que nos preparam para as festas litúrgicas, e contribuem para adquirirmos domínio sobre os nossos sentidos e a liberdade de coração».
Mais concretamente, dias de jejum e abstinência obrigatórios existem apenas dois:Quarta-Feira de Cinzas e Sexta-Feira Santa. Dias de abstinência, são todas as sextas-feiras do ano. Mas aqui há um esclarecimento a fazer: enquanto nas sextas-feiras da Quaresma a abstinência não pode ser substituída por qualquer outra prática, nas sextas-feiras do resto do ano, pode sê-lo (segundo a Conferência Episcopal Portuguesa, por decreto de 28.01.1985, mas é também uma prática na Igreja universal), pela «privação de outros alimentos mais requintados e dispendiosos, bebidas, etc., e ainda pela oração e pela esmola. Em relação à oração de que se fala, sugerem-se exercícios prolongados, como sejam a Via-Sacra, a reza do terço, a recitação de Laudes e Vésperas do ofício divino, a participação na Eucaristia, ou uma leitura prolongada da Sagrada Escritura».



Beijos meus, cheios de ...

luz, paz, amor fé e esperança!


Um comentário:

  1. Ro
    O papai parou de fumar na quaresma e além de nao fumar mais. fez as contas de quanto gastava com cigarro e dava para os pobres.
    Isto é o verdadeiro jejum.
    com amizade e carinho de Monica

    ResponderExcluir

"Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária
Para aceitar as coisas que não podemos modificar,
Coragem para modificar aquelas que podemos,
E sabedoria para distinguir umas das outras".

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