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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011



Conto de Natal/excerto,  in " Abraço", 2011/Editora Quetzal
 
A televisão estava sempre ligada,, era sempre Dezembro. O aquecedor a gás punha-nos as orelhas vermelhas, os chinelos não faziam barulho na alcatifa. A lâmpada do candeeiro da sala dava luz amarela. Em pijama, sentávamo-nos ou estendiamo-nos no sofá. Então, havia alguma coisa que um de nós dizia e que o outro não entendia, também podia acontecer que estivesse indisposto ou contrariado. Em qualquer dos casos, respondia com maus modos.
 
(..............).
 
Ainda no sofá da sala, ainda Dezembro, mais tarde, haveríamos de discutir essa resposta, as diferentes formas de dizê-la : um acabaria  por repeti-la num tom casual e o outro num tom agressivo, cada um a garantir que estava certo, que tinha sido assim. Mas isso seria mais tarde. No momento em que a resposta era dada, aquele que a ouvia sentia-se ofendido e devolvia os maus modos. Então, o outro parava o que estava a fazer, recebia a ofensa de volta, sentia a mesma injustiça e só muito raramente respirava antes de responder de novo.
 
(..............).
 
A partir de meia hora de discussão, mais ou menos, começavamos a culpar-nos um ao outro. Tu queixasvas-te daquilo que eu tinha dito e eu queixava-me daquilo que tu tinhas dito. Tu só dizias "tu" e eu só dizia "tu". Tu exigias que eu admitisse que te tinha falado com maus modos e eu exigia que tu admitisses a mesma coisa. Tu ficavas presa à ofensa que sentias e ignoravas a minha, eu ficava preso à ofensa que sentia e ignorava a tua. A marcar um ritmo, a árvore de Natal, de plástico, tinha luzes que piscavam.
 
(.............).
 
O momento exacto em que um de nós começava a culpar o outro das palavras que ele próprio tinha dito, e da forma como as tinha dito, era variável. Chegaria mais cedo ou mais tarde. Lembro-me desse momento também. Acreditávamos nele. Se parávamos um pouco, só as vozes da televisão, só as cores intermitentes da árvore de Natal, ouvíamos dentro de nós aquilo aquilo que não éramos capazes de dizer. Mais tarde, chamaríamos "orgulho"a essa incapacidade. Podíamos, então, lembrar-nos de outras discussões, sobre outros assuntos, e retomá-las. Cada um desses assuntos era de dimensão indefinida, propagava-se por inúmeras casas decimais, que éramos capazes de recitar durante horas. E, no entanto, todos eles se esmigalharam no passado, dissolveram-se, misturaram-se com zero.
 
" Queixas, culpa e comparação são os principais destruidores da nossa paz. Em vez de se queixar, compartilhe e dialogue, não discuta. Em vez de procurar alguém para culpar, assuma a responsabilidade de melhorar a situação." Pense nisto!
 

Beijos meus cheios de,
luz, paz, amor fé e esperança!




2 comentários:

  1. Olá, querida

    " Das alturas orvalhem os céus,
    E as nuvens que chovam justiça,
    Que a terra se abra ao amor
    E germine o Deus Salvador"...

    Fico tão sem palavra para agradecer o carinho imensurável com que me cumula ao longo do ano que só posso lhe dizer que te amo fraternalmente...
    Seja muito abençoada e feliz, amiga!!!
    Bjm de paz e FELIZ NATAL... apesar de qualquer vestígio de dor em seu coraçãozinho....

    "Quando eu estiver contigo no fim do dia, poderás ver as minhas cicatrizes,

    e então saberás que eu me feri e também me curei."

    (Tagore)

    ResponderExcluir
  2. Querida e linda amiga,pessoas especiais como você trazem magia nas palavras, paz e amor no coração.Parabéns pelos belos textos que tens postado e obrigada pelos momentos enriquecedores que tenho passado aqui.Deixei minha mensagem de Natal no meu Blog e que traduz os meus desejos e carinho para vocês todos que me visitam.
    Lindo Natal! Sejas feliz! Bjs Eloah

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"Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária
Para aceitar as coisas que não podemos modificar,
Coragem para modificar aquelas que podemos,
E sabedoria para distinguir umas das outras".

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