AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração. fonte aqui Minha paixão por Fernando Pessoa, um pouco da sua biografia
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| Uma biografia de Fernando Pessoa seria na verdade uma coleção de biografias. Uma dele próprio; outras tantas para seus heterônimos. Alberto Caeiro, Álvaro de Campo, Ricardo Reis, Bernardo Soares, só para falar em alguns destes heterônimos, que não são pseudônimos com alguns pensam, mas escritores com personalidades e estilos próprios, com vida e história independentes dos demais. A genialidade de Pessoa era tamanha que não cabia em um só homem; eram necessários vários homens, várias cabeças para dar vazão a tanta criatividade, ao transbordamento de idéias que o acometia. Grande conhecedor da língua portuguesa, ela própria brincou com seu sobrenome: Pessoa. Talvez Pessoas fosse mais adequado, para um poeta que era habitado por tantos outros. Fernando Antônio Nogueira Pessoa, nasce em 13 de junho de 1888 na cidade de Lisboa, Portugal. Segundo ele próprio nos conta, no ano seguinte nasceu Alberto Caeiro, o poeta do campo e da natureza e também Álvaro de Campos, o engenheiro. Quando tinha cerca de 5 anos, seu pai morre com apenas 43 anos. Em 1894, então com 6 anos de idade, cria seu primeiro heterônimo: Chevalier de Pas. Em 1896, parte com sua família para Durban, África do Sul. Vão morar com o novo marido de sua mãe, o comandante João Miguel Rosa, cônsul interino de Portugal naquele país. Lá Fernando Pessoa vai aprender inglês e francês, línguas em que escreverá alguns poemas e grandes trabalhos de tradução. Com 14 anos de idade, em 1902, escreve o poema "Quando ela passa", presente em nossa seleção de poemas. | |||||
Em 1905, parte sozinho para Lisboa onde pretende se inscrever no Curso Superior de Letras. Embora tenha ingressado no curso, jamais o terminou. A partir de 1912 (ano em que nasce Ricardo Reis em sua cabeça), Pessoa entra numa fase bastante produtiva colaborando com a revista Águia, onde publica uma série de artigos e poemas. Sua obra e sua vida foram permeados por ligações com as chamadas ciências ocultas, o que pode ser percebido em muitos de seus poemas. Em 1930 inicia uma troca de correspondência com o "mago" inglês Aleister Crowley que neste mesmo ano vai à Lisboa visitar Fernando Pessoa. Vinte e três dias depois de sua chegada, Crowley desaparece misteriosamente. Em homenagem ao inglês, Pessoa traduz e publica o poema "Hino a Pã" escrito por Crowley. Pessoa nunca se casou. Teve por algum tempo um namora com Ophélia, mas acabou por desistir do namoro para casar-se com a literatura. Embora tenha escrito e publicado dezenas de artigos, ensaios e poemas em seus anos de vida, por incrível que pareça, ele que é um dos maiores poetas da língua portuguesa, publicou apenas um livro em vida, o "Mensagens" em 1934. Com este livro participou de um concurso literário chamado "Antero de Quental" e ganhou o segundo premio ("segunda categoria"), cabendo o primeiro premio ao livro "Romaria" de Vasco Reis. Em janeiro de 1935 pensa em mudar-se para as cercanias de Lisboa para compor seu primeiro grande livro a ser publicado, o que não aconteceria. Em 29 de novembro deste ano, Fernando Pessoa é hospitalizado com uma cólica hepática. No dia seguinte, 30 de novembro de 1935, com apenas 47 anos de vida, falece Fernando Pessoa. fonte aqui |
Quer pouco, terás tudo.
Quer nada: serás livre.
O mesmo amor que tenham
Por nós, quer-nos, oprime-nos.
Fernando Pessoa
fonte aqui
Imagens do blog Português 12º
A roupa estendida ao vento
A roupa estendida ao vento
Parece gente a viver
Move-se em gestos sem tento
Perante o meu pensamento
Que não sabe senão ver.
Mas o que fazem no mundo
Os homens nos gestos seus
Nada é mais firme ou profundo
Dos grandes quintais de Deus.
E eu no meu solene estúdio
De como as cousas não são,
No qual compreendo tudo,
Vejo o branco agitar mudo
Da roupa sem coração.
E lembro, por diferença,
A semelhança que há
Entre a agitação intensa
Da roupa livre e suspensa
E aquela em que o homem está.
Ao sol e ao vento da vida
Livre e preso sob os céus
Oscila, coisa movida,
Mas é só roupa estendida
Nos grandes quintais de Deus.
In Poesia 1931-1935 e não datada , Assírio & Alvim, ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas, Madalena Dine, 2006
fonte aqui
Bom e maravilhoso fim de semana para você!
Rosane!
Um post tão carinhosamente montado para o poeta não deixa esconder sua paixão pela obra dele. :)
ResponderExcluirOlá,
ResponderExcluirCheguei ao teu cantinho através do Blogue da Mariz, e temos uma coisa em comum, gostamos muito do poeta Fernando Pessoa, e o teu post está formidável, adorei.
Bjinhos
Céci
vim aqui como fã de Fernando Pessoa, e amei tudo que vi. parabéns. estou tentando fazer uma página no face "Fas de Fernando Pessoa' se tive oportunidade dá uma passadinha lá. Tirei algumas coisas do seu blog. beijos, ana vivas
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