- O Critério da Verdade -

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O CRITÉRIO DA VERDADE

O que é, é. O que não é, não é. E pronto! A afirmação é simples, direta, radical, objetiva, cortante e óbvia. Mas, óbvia para quem? Podemos dizer que é óbvia para quem tem bom senso. Ótimo! Acontece, porém, que todos nós temos apegos desordenados, mais ou menos sob controle, os quais, à socapa, quais traidores disfarçados, tentam tomar o comando de nossas decisões e nos desviar do reto caminho. Em outras palavras, nem sempre somos realmente honestos conosco mesmos. E é aí que nossa sorte entra em rota de colisão, é aí que podemos por a perder as afirmações de fidelidade e os bons propósitos que tínhamos em mente.

Jesus deixou-nos afirmação altamente terapêutica, ao dizer: Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (Jo 8, 32). Conhecer a verdade é um primeiro passo, é a verdade de nós mesmos, das pessoas que nos cercam, das oportunidades que surgem, principalmente do que Deus deseja de nós. Mas há o segundo passo, o de sermos coerentes com essa descoberta, o de darmos resposta lógica à realidade. Por aí vão a verdadeira objetividade, o senso do real, o senso do realizável. Pior que a mentira verbal, com que alguém diz com a boca o contrário do que pensa, é a mentira da vida, pela qual alguém age às avessas do que sabe ser o caminho da liberdade, do bem e da virtude. Por menos que nos agrade, as coisas são o que são e continuam sendo. Não adianta colocarmos óculos coloridos para disfarçar seu aspecto, por vezes menos sorridente para nós.

Outro nome dessa atitude é Humildade. Boa definição parece ser esta: amor à verdade, ainda que doa, pois a verdade nem sempre é gostosa de se sentir. Pode justamente ir de encontro, isto é, ser contrária, aos nossos impulsos e preferências mal-educadas. A realidade das coisas não pode ser impunemente negada, seja qual for a razão que nos tenha levado a distorcê-la. Se vivemos contra os princípios da honestidade interior, então tornamo-nos candidatos a cair no buraco que nós mesmos cavamos. É o que acontece com o cego imprudente, que pretende guiar outros cegos, sem ter treinamento e estofo par isso.

Por isso, propostas alegres e gostosas serão acolhidas com gratidão, momentos difíceis e incômodos também o precisam ser, desde que nada mais possamos fazer para contornar a situação e resolver os problemas iminentes. Cristo até pediu ao Pai que afastasse dele o cálice da Paixão e da morte, mas mostrou, uma vez mais, qual o modo adequado de agir: Não se faça a minha vontade, Pai, mas a tua (Lc 22, 42). Aceitação humilde e confiante do que não podia ser mudado, apesar das providências que ele procurara tomar. Isso é ser fiel a Deus e aos homens.

A humildade é ter visão de conjunto ou de sabedoria, enxergando tudo em relação com a grandeza incomparável de Deus. Diante dele só não somos nada porque ele nos tirou desse nada. Tudo que somos é dom seu, é gratuidade. A conquista do ideal de correspondermos ao fim para o qual fomos criados, supõe que tenhamos os pés firmemente apoiados no chão da verdade. Caso contrário, estaríamos perseguindo quimeras. A partir de imaginações vazias só se conseguem nuvens de fumaça inconsistente. A busca constante da verdade é condição sólida e necessária para a segurança de estarmos no bom caminho.

Espiritualidade Inaciana
Discernimento 6
Milton Paulo de Lacerda


"Sempre que você tem a verdade ela precisa ser dada com amor, ou a mensagem e o mensageiro serão rejeitados." (Mahatma Gandhi)

Bom tarde a todos(as)!
Rosane!