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segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Início da Primavera

Flor-de-lótus
A flor que simboliza uma nova vida, a pureza e a ressurreição

Trata-se de uma planta nativa da Ásia, habitante de cursos de água lentos ou lagoas de água doce, vivendo a pouca profundidade. É enraizada no fundo lodoso por um rizoma vigoroso, do qual partem grandes folhas arredondadas, sustentadas acima do espelho de água por longos pecíolo. Produz belas flores rosadas ou brancas, grandes e com muitas pétalas. Este lótus é cultivado como planta ornamental em jardins aquáticos de todo o mundo. Sua simbologia, entretanto, é uma de suas virtudes mais visadas: é associada à pureza e à ressurreição. Segundo o Budismo, Buda teria nascido embalado por uma folha de lótus, e logo ao nascer teria caminhado sobre a água, e de cada passo seu, teria brotado uma flor desta espécie. "Flor de lótus" também é o nome de uma posição de meditação.


Início da Primavera, uma ressurreição

E com ela nos vem um sentimento gostoso de que tudo será diferente. Saímos do inverno tempo em que ficamos quase que em estado de embernação , apesar de um tanto quanto bem ameno por aqui no sudeste do país. Mas com a estação da flores chegando pré anunciando o verão, dizendo para nós que é tempo de renovação. Renovação na natureza que começa a dar indicio de vida nova. Nos avisando que a vida continua latente em nosso corpo, em nossa alma. Nos dando novos rumos, novas direções nos convidando a começar novos projetos em nossas vidas.

A Primavera nos convida a tomarmos a vida nas próprias mãos e a descobrirmos a grandeza que ela tem. Só a nós criaturas feitas a imagem e semelhança do Criador nos foi dado esse dom, decidirmos os rumos de nossa história. Nada melhor que está estação para que isso aconteça. Assim como a flor-de-lótus apesar de crescer no fundo dos lodos, vem a tona à superfície na sua floração, limpa e delicadamente bela. Assim eu vejo minha vida no início dessa Primavera.
Rosane



Cecília Meireles descreve a Primavera assim...

Primavera

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.

Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 36

6 comentários:

  1. Eu não sabia nada da "Flor de lótus", muito legal!
    Apesar das minhas crises de rinite alérgica por causa do pólem das flores, eu amo a primavera!

    Grande beijo, amada Rô! Que você tenha uma semana repleta de luz e paz no coração!

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  2. Ei, vó, muito legal seu texto! E a história da flor de lótus, eu não sabia! Apesar de ter feito Yoga mto tempo e conhecer a posição do lótus e saber um pouquinho sobre hinduísmo e budismo, essa história do Buda eu não sabia... Que belo símbolo!

    E que seja uma época de recomeço, então. Que seja um "florescer" de corações tb... =)

    Um beijo grande, vó, fica com Deus!

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  3. Vó,
    seu post hoje ta mais que perfeito, flor de lotus, poema de cecilia.... tuudo perfeito!!
    Deve ser a primaveraa, deve ser não, é a primavera!!!
    Lindoo, lindoo!!
    Beijooos, vó!!

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  4. Sua nova casa está linda mesmo ein?
    Adorei.
    Boa primavera para voce
    Beijocas

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  5. Toc, toc, toc...
    Com licença, vovó?
    Estou entrando na sua morada. Sei que não fui convidada, mas quis vir visitar esse lar tão elogiado. E já fui recebida com dois textos lindos e singelos... Que maravilha!

    Desculpa a invasão, mas pelo menos minha mãe não vai brigar comigo, fiz o que ela me ensinou... Fui educada e bati na porta antes de entrar... =)

    Linda sua casa, Vovó! Vou ficar vindo visitá-la mais vezes, tah?

    Beijos!

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  6. Rô querida, começamos a primavera sintonizadas no mesmo texto da Cecília Meireles.
    Linda a história da flor-de-lótus, não a conhecia.
    Vamos renascer...é primavera.
    Bjim.

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"Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária
Para aceitar as coisas que não podemos modificar,
Coragem para modificar aquelas que podemos,
E sabedoria para distinguir umas das outras".

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