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sexta-feira, 15 de julho de 2011

"AMOR FRANCISCANO - LEONARDO BOFF -"



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AMOR FRANCISCANO

Leonardo Boff 
Quem diria que um homem que viveu há mais de 800 anos viesse a ser referência fundamental para todos aqueles que procuram um novo acordo com a natureza e que sonham com uma confraternização universal? Este é Francisco de Assis (+1226), proclamado patrono da ecologia. Nele encontramos valores que perdemos como o encantamento face ao esplendor da natureza, a reverência diante de cada ser, a cortesia para com cada pessoa e o sentimento de irmandade com cada ser da criação, com o sol e a lua, com o lobo feroz e o hanseniano que ele abraça enternecido. 

Francisco realizou uma síntese feliz entre a ecologia exterior (meio ambiente) e a ecologia interior (pacificação interior) a ponto de se transformar no arquétipo de um humanismo terno e fraterno,  capaz de acolher todas as diferenças. Como asseverou Hermann Hesse:"Francisco casou em seu coração o céu com a terra e inflamou com a brasa da vida eterna nosso mundo terreno e mortal". A humanidade pode se orgulhar de ter produzido semelhante figura histórica e universal. Ele é o novo, nós somos o velho.

O fascínio que exerceu desde seu tempo até os dias de hoje se deve ao resgate que fez dos direitos do  coração, à centralidade que conferiu ao sentimento e à ternura que introduziu nas relações humanas e cósmicas. Não sem razão, em seus escritos a palavra "coração" ocorre 42 vezes sobre uma de "inteligência", "amor" 23 vezes sobre 12 de "verdade", "misericórdia" 26 vezes sobre uma de "intelecto". Era o "irmão-sempre-alegre" como o alcunhavam seus confrades. Por esta razão, deixa para trás o cristianismo severo dos penitentes do deserto,  o cristianismo litúrgico monacal, o cristianismo hierático e formal dos palácios pontifícios e das cúrias clericais, o cristianismo sofisticado da cultura livresca da teologia escolástica. Nele emerge um cristianismo de jovialidade e canto, de paixão e dança, de coração e poesia. Ele preservou a inocência como claridade infantil na idade adulta que devolve frescor, pureza e encantamento à penosa existência nesta terra. Nele as pessoas não comparecem como "filhos e filhas da necessidade, mas como filhos e filhas da alegria" (G. Bachelard). Aqui se encontra a relevância inegável do modo de ser do Poverello de Assis para o espírito ecológico de nosso tempo, carente de encantamento e de magia. 

Estando certa vez, no dia 4 de outubro, festa do Santo, em Assis, naquela minúscula cidade branca ao pé do monte Subásio, celebrei o amor franciscano com  o seguinte soneto que me atrevo a publicar:


Abraçar cada ser, fazer-se irmã e irmão,
Ouvir a cantiga do pássaro na rama,
Auscultar em tudo um coração
Que pulsa na pedra e até na lama,

Conversar até com o fero lobo
E conviver e beijar o leproso
E, para alegrar, fazer-se de joão-bobo


Sentir-se da  pobreza o esposo
E derramar afeto por todo o globo:
Eis o amor franciscano: oh supremo gozo!

Leonardo Boff é teólogo e ex-frade franciscano






Ramalhete EspiritualBeijos pra você.
Que seu fim de semana seja repleto de
luz, paz, amor, fé e esperança!
Rosane!


4 comentários:

  1. Amiga querida eu posso contar com mais um votinho para a minha poesia Precisamos, voce pode votar mais uma vez, a votação termina hoje a meia noite,
    Obrigada de coração.
    Abraço amigo
    Maria Alice

    ResponderExcluir
  2. Rosane, peço-lhe licença para postar algumas parte desse texto sobre Francisco de Assis, vc a daria? É lindo demais. Parabéns pela escolha, minha culta amiga! Bjbjbj!

    ResponderExcluir
  3. Querida amiga
    Obrigada pelo seu apoio. Pois como eu sempre digo.
    Com a sua presença,
    Eu posso ir sempre mais além,
    mas com sua ausência,
    eu não serei ninguém.
    Tem um selinho para você no meu cantinho
    Que eu fiz com muito carinho.
    Pode ir lá pegar se desejar.
    Abraço muito Amigo
    Maria Alice

    ResponderExcluir
  4. Gosto de FRancisco de Assis- o santo que, nos dias de hoje - é ainda um homem actual!
    Ele amou ternamente Jesus, a dama pobreza, os seus irmãos e irmãs que quiseram acompanhá-lo na sublime loucura da santidade, por caminhos novos e inauditos.
    Vida feita de autenticidade, de humildade e de fortaleza, própria de um contemplativo que sabia admirar as cores da natureza, a graciosidade dos passarinhos, e sabia lidar com os animais.No fundo, um grande ecologista imbuído do saber de Deus.
    Beijo e boa semana.
    Graça

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"Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária
Para aceitar as coisas que não podemos modificar,
Coragem para modificar aquelas que podemos,
E sabedoria para distinguir umas das outras".

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