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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Blogagem coletiva - Florbela Espanca -



Biografia -

Batizada Flor Bela Lobo, Florbela Espanca foi uma das primeiras feministas de Portugal e escreveu uma poesia carregada de erotismo e feminilidade, que alguns críticos encaram como um dom-juanismo no feminino. O sofrimento, a solidão, o desencanto, aliados a imensa ternura e a um desejo de felicidade são a temática presente em muitas das suas imagens e poemas.
Parte de sua inspiração veio de sua vida tumultuada, inquieta, e sofrimentos íntimos provocados pela rejeição paterna. Seu primeiro poema foi escrito em 1903: "A Vida e a Morte".
Filha de Antonia da Conceição Lobo, empregada de João Maria Espanca, que não a reconheceu em vida como filha. João admitiu a paternidade apenas 19 anos após a morte da poeta, quando foi inaugurado um busto dela, em Évora. E isso depois da insistência de fãs da obra de Florbela.
Com a morte de Antonia, de uma doença desconhecida, em 1908, João e sua mulher Mariana Espanca criaram a menina e seu irmão, Apeles Espanca, nascido em 1897 e registrado da mesma maneira.
Casou-se no dia de seu aniversário, em 1913, com Alberto Moutinho. Concluiu um curso de Letras em 1917 e foi a primeira mulher a cursar Direito na Universidade de Lisboa. Na capital portuguesa conheceu outros poetas e participou de um grupo de mulheres escritoras. Colaborou em jornais e revistas, como o "Portugal Feminino". Em 1919, no terceiro ano de Direito, lançou o Livro de Mágoas. Nessa época, Florbela começou a apresentar sintomas de desequilíbrio mental e sofreu um aborto involuntário.
Em 1921, divorciou-se de Alberto Moutinho, de quem vivia separada havia alguns anos, para casar-se com o oficial de artilharia António Guimarães. Nesse mesmo ano, seu pai se divorciou para esposar Henriqueta Almeida.
Em 1923, ela publicou o "Livro de Sóror Saudade". Florbela sofreu novo aborto, e seu marido pediu o divórcio. Em 1925, a poeta casou-se com o médico Mário Laje, em Matosinhos. A morte do irmão Apeles, num acidente de avião, lhe inspirou o poema "As Máscaras do Destino".
Tentou se matar duas vezes, em outubro e novembro de 1930, às vésperas da publicação de sua obra-prima. Após o diagnóstico de um edema pulmonar, suicidou-se no dia do seu aniversário. "Charneca em Flor" foi publicada em janeiro de 1931.
Outras obras póstumas foram: "Cartas de Florbela Espanca", por Guido Battelli (1930), "Juvenília" (1930), "As Marcas do Destino" (1931, contos), "Cartas de Florbela Espanca", por Azinhal Botelho e José Emídio Amaro (1949), "Diário do Último Ano Seguido De Um Poema Sem Título", com prefácio de Natália Correia (1981), e "Dominó Preto ou Dominó Negro" (1982, contos).
Fonte
aqui

Ensaio sobre o Poema Fumo


Fumo
Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas…
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos!

Os dias são Outonos: choram… choram…
Há crisântemos roxos que descoram…
Há murmúrios dolentes de segredos…

Invoco o nosso sonho!
Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!…


Florbela Espanca - Livro de Soror Saudade
Florbela Espanca foi uma mulher que não parecia ser da sua época. Vivia em Portugal numa sociedade conservadora, moralista e rural do início do século XX. Em seu coração, sonhos e poemas vivia além da realidade de seu cotidiano, ultrapassando a fronteira do corpo e da alma para mergulhar no mais profundo da existência humana. Uma mulher de vida amorosa conturbada e inquieta que transformava seus sofrimentos mais intensos em poesia da mais alta qualidade onde impregnava a erotização feminina.
No poema “Fumo” a poetisa portuguesa compara o amor ao vício, ressaltando a dor daquele que se sente escravo do amor como num vício que consome suas entranhas. O amor personificado como fumaça, impossível de segurar e ter por muito tempo. Para ela o amor é sempre perdido mesmo antes de ser encontrado, desenvolvendo uma busca angustiante e em vão. O amor sempre lhe escapa das mãos. Se sente abandonada e com pena de si mesma Meus olhos são dois velhos pobrezinhos e suplica a presença do amado definindo suas mãos Tuas mãos doces plenas de carinho.
Florbela Espanca usa as imagens externas como o clima de outono em Portugal para demonstrar sua tristeza interior e seu lamento Os dias são Outonos: Choram… Choram… Ela vê o mundo com seus olhos cansados e aflitos perdendo a vontade e o sentido da vida Há crisântemos roxos que descoram… Há murmúrios dolentes de segredos…Concebe intimidade entre a vida e a morte, numa idéia de que o amor renasce e a ausência dele mata.
Na 4 ª estrofe do poema, a poetisa traduz a conclusão de que o amor que ela tanto sonha é apenas uma ilusão. O vício de amar a impede de enxergar. Ela o procura Estendo os braços, mas sempre o perde porque ele é Fumo leve que foge entre os dedos.
Teria muito mais a escrever sobre esse poema e como mesmo em meio a tristeza e melancolia que a poetisa revela, há tanta beleza e inocência no ato de amar. Eu gosto muito de poemas de amor, mesmo os que falam daqueles amores impossíveis e você?
Fonte
aqui

Este post faz parte da BLOGAGEM COLETIVA DE INTERLUDIO EM FLOR


Bom dia a todos(as)!
Rosane!

15 comentários:

  1. Florbela é divina e estou hiper feliz de também ter participado desta linda blogagem.
    Hoje a blogosfera exala um doce perfume desta mulher com nome de Flor...bela!
    Beijos e adorei seu post!

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  2. Ro, a historia dessa mulher sensacional dói em nós pelos escritos que lemos dela.

    Boa semana

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  3. "Florbela é a flor maior da poesia romântica,
    é o sofrimento em versos de um soneto
    é o amanhecer mais belo de um encanto
    é aquela que se perdeu pra se encontrar."
    (Lustato)


    Mãezinha, vou já colocar a música do Fagner que é poema de Florbela pra tocar aqui! \o/

    Beijos, te amo!

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  4. Ain, vó!!
    Estou complemente feliz de participar dessa blogagem tbm! Eu não conhecia a Florbela e adorei conhecer um pouquinho.
    Seus poemas trazem vida e representa um pouquinho de nós, acho que todos nós temos um pouco de Florbela!!!

    Beijos, vó linda!!!

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  5. Olá...
    tudo bom???
    Linda postagem ....é mto bom essa união dos blogs para a postagem coletiva....
    Grande Abraço!!

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  6. Rô, adorei a analogia embutida no poema, quando ela compara os sonhos, o amor que ela sente, com a fumaça do fumo esvaindo por entre os dedos! É triste e belo ao mesmo tempo! :-)

    Pois é, quanto mais a conhecemos, mais nos apaixonamos. E tem uma parte da biografia em que ela contesta a pecha de triste, de trágica que lhe imputaram.

    Boa semana!
    Beijos!
    Juca

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  7. Oi, Rô!

    Gosto muito deste poema! Foi um dos primeiros que conheci de Florbela Espanca. Cheguei a pensar em publicá-lo, mas acabei seduzido por "Ser Poeta", que acabou me dizendo mais ao coração.

    Isto é o que eu chamo de uma corrente do bem! Como é que se poderia chamar uma iniciativa que enche de poesia a blogosfera? Aqui está uma excelente oportunidade para que todos conheçam um pouco mais sobre a genial Florbela Espanca.

    Eis um trecho de "Ser poeta", de Florbela:

    "Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
    Do que os homens! Morder como quem beija!
    É ser mendigo e dar como quem seja
    Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!"

    Parabéns a todos que estão participando!

    Sensata Paranóia

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  8. Olá Rô, como vai?!

    Também adorei a sua homenagem! Florbela merece todo o nosso carinho e admiração! Parabéns pelo texto! ;)

    Obrigada pela sua visita e pelo comentário!

    Abraços!

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  9. Obrigado pela visita,e pela linda participação na homenagem,à nossa grande e saudosa Florbela.Voltarei,para conhecer melhor o seu blog
    beijos

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  10. Estou retribuindo sua visita gentil, Ro. Muito bom o seu post - informativo e bonito! Parabéns.

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  11. Oi querida Rô...
    seu blog como smpre maravilhoso!!!!
    AMo florbela e partcipar da blogagem pra mim foi maravilhoso!

    Bjinhooos fofooos em vc!

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  12. Florbela traduz a angústia da procura e da espera. Gostei muito de participar da blogagem e conhecer espaços gostosos como o seu!
    Beijos

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  13. Poetar antigamente era um verbo destinado aos homens. Se pegar um livro mais antigo sobre os poetas portugueses, não verá a citação de nenhuma mulher portuguesa, veja lá! Imagino como Florbela quebrou paradigmas! A primeira mulher a ingressar à faculdade de Direito, veja bem! Não sei porque lembrei da nossa Chiquinha Gonzaga quando estava fazendo o meu texto para a blogagem. Boa semana! Beijus

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  14. Oi Rô,

    Obrigado por visitar o Abismo Noturno. Muito boa a escolha do poema Fumo. Parabéns!

    Beijos!

    Alcides

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  15. *****

    Vim lhe agradecer e conhecer seu espaço e, deixar um abraço! Gostei muito!
    Linda homenagem à amada poetisa!
    Também participei com meus blogs. Ontem devido congestionamento não consegui visitar os blogs participantes da Blogagem Coletiva, que foi um sucesso!
    Tenha uma ótima semana!

    Sintonias do Coração

    ETERNOS SONHARES

    Coisas da Helô ©


    *****

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"Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária
Para aceitar as coisas que não podemos modificar,
Coragem para modificar aquelas que podemos,
E sabedoria para distinguir umas das outras".

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