Ao ler essa reportagem, fiquei estarrecida com tanta frieza de coração. Se todos formos pensar em nossa individualidade, em nossos egoísmos em nossa solidão apenas, o que será do amor, da família, dos filhos...Como poderemos viver só desse tanto que o Psiquiatra Flávio Gikovate nos apresenta. E ele ainda diz::-
Veja - "Os solteiros que estão mal são os que ainda sonham com o amor romântico. Pensam que precisam de outra pessoa para se completar. Como Vinicius de Moraes, acham que que 'é impossível ser feliz sozinho'. Isso caducou. Daí, vivem tristes e deprimidos."
No entanto este estar só não significa, de forma alguma, o verdadeiro sentimento de solidão, que se manifesta como uma situação muito mais sofrida e penosa, indicando que algum aspecto importante da vida não está sendo suprido satisfatoriamente, podendo trazer consequências drásticas para a saúde física e mental do indivíduo.
Esse estado de solidão traduz-se por um sentir-se estrangeiro no mundo, sem nenhuma identificação com ele e nenhum elo com as outras pessoas. Às vezes, isso causa uma depressão tão grande, que pode levar à loucura ou à morte, è deve-se entendê-lo não como uma situação física, mas como uma sensação psicológica.
Para exemplificar o que é essa sensação, pode-se imaginar a vida de uma pessoa qualquer. Suponha-se uma adolescente que é alegre, comunicativa e que nunca se sentiu sozinha, mesmo quando está a sós em seu quarto. Um dia, por exemplo, ela descobre que está grávida; não sabe o que fazer e não tem coragem de repartir seu problema com mais ninguém.
Mesmo cercada por seus pais, amigas e professores, ela se sente, pela primeira vez em sua vida, terrivelmente só. Seu segredo a separa das outras pessoas, e até o fato de contá-lo ou não para alguém depende de uma decisão unicamente sua. Ninguém poderá ajudá-la.
Certamente, esse tempo a sós é importante para que ela possa situar-se diante da nova situação. Se ela tiver confiança em si mesma e nas pessoas que a cercam, conseguirá abrir-se, repartindo seu problema e aliviando-se do peso que carrega sozinha. Se não encontrar essa confiança nem a compreensão dos outros, poderá se isolar mais, construindo uma barreira à sua volta, consolidando sua solidão.
Dentro dela poderá se formar um muro que a separará definitivamente das outras pessoas, modificando sua convivência com elas.Por isso, o psicólogo clínico Olegário de Godói define a solidão como uma torre que a pessoa constrói em volta de si mesma. Só que, quando a torre fica pronta, a pessoa percebe que se esqueceu de fazer portas e janelas, vendo-se completamente isolada, incomunicável dentro dela.
Finalmente, o psicólogo aconselha algumas atitudes, que podem ser tomadas por todos, como medidas preventivas contra a solidão. A primeira delas consiste em desenvolver os talentos, a inteligência e as habilidades, alargando o próprio mundo e adquirindo elementos que permitirão entrar em contato com outros mundos. Outra é participar de grupos — políticos, religiosos, esportivos ou culturais — que tenham a ver com a própria personalidade, criando oportunidades para encontros e convivências. Além disso, buscar dentro de si mesmo alegria e espontaneidade, que, com certeza, atrairão a amizade e companhia das outras pessoas.
Sem dúvida, esses comportamentos constituem antídotos eficazes e uma porta sempre aberta, impedindo o isolamento. Não se pode esquecer que todo ser humano foi criado para relacionar-se com seus semelhantes, com o mundo que o rodeia e com seu Deus. A solidão indica que essa importante função humana não está sendo cumprida e que uma necessidade natural não está sendo satisfeita. Por isso ela é contrária à vida, que brota, se desenvolve, floresce e se renova com a comunicação, a partilha e o amor.
É o amor que confere qualidade humana à vida das pessoas.
O amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem o coração das pessoas e como meta a fraternidade e a comunhão.
Os seres humanos não nascem humanizados.
Nascemos como seres totalmente egocêntricos e incapazes de eleger o outro como alvo de bem-querer.
A humanização é um processo gradual que implica decisões, escolhas e opções marcadas com o selo do amor.
Não basta que o nosso corpo cresça para crescermos automaticamente em humanização.
Eis o modo como o ser humano se humaniza:
Cresce como ser espiritual através das relações de amor com os outros.
Crescer espiritualmente significa que a nossa interioridade pessoal cresce em densidade espiritual e em capacidade para eleger os outros como alvo de bem-querer.
Por outras palavras, à medida em que cresce como interioridade pessoal-espiritual, o ser humano torna-se capaz de comungar mais e melhor com os outros.
Sem amor é impossível acontecer a humanização do Homem.
Não basta ser inteligente. A inteligência sem amor gera perversões e cria armas assassinas que matam muitos milhões.
Sem amor, o sucesso torna as pessoas arrogantes e opressoras.
Sem amor,
A justiça torna-se prepotente e injusta.
Sem amor, a riqueza torna as pessoas avarentas e desumanas.
A verdade, sem amor, converte-se em afirmações agressivas que vão magoar os outros.
A beleza, sem amor, deixa de ser um caminho para a ternura e a comunhão.
A autoridade, sem amor, torna as pessoas tiranas, levando-as a machucar aqueles que lhe são subordinados.
O trabalho, sem amor, torna as pessoas infelizes e subservientes.
Se for realizado num clima de amor, o trabalho converte-se num modo privilegiado de a pessoa se realizar e se tornar um ser válido para a sociedade.
A oração, sem amor, torna-se rezas de fariseus e, portanto, geradoras de hipocrisia.
Se amor, as leis geram servilismo e mecanismos de revolta.
O amor é criativo:
Todos os dias inventa gestos e atitudes adequados para ajudar os outros a crescer.
Sem amor, a fé não é teologal, isto é, não tem os horizontes da Palavra de Deus.
A vida teologal é dinâmica de Fé, Esperança e amor ao jeito de Cristo ou Caridade.
O amor gera sempre vida e vence a morte.
O amor dos outros capacita-nos para amar e concede-nos as possibilidades de nos realizarmos.
Os nossos planos e opções de amor são o modo de realizarmos os talentos ou possibilidades de amar que recebemos através do amor dos outros.
Eis a Lei do Amor:
O amor dos outros capacita-nos para amar e os mal amados ficam a amar mal, sem disso serem culpados.
Amar mal significa amar com bloqueios, tropeções e limitações.
A pessoa humana não consegue realizar-se e ser feliz sem a temperatura do amor.
A solidão é o alarme que nos avisa de que algo está a ir mal em relação ao amor e à amizade.
Acontece quando a nossa vida não encontra um suporte forte para se sentir segura.
A criança que se perdeu dos pais num lugar desconhecido faz uma experiência terrível de solidão.
Sente que os fundamentos da sua vida estão a desmoronar-se.
Terrível é também a solidão da criança que perdeu os pais num acidente.
É dura a solidão das pessoas que, apesar de viverem numa casa, não têm um lar.
O amor é a temperatura que faz que uma casa se torne um lar é o amor.
Sofrem de grande solidão as pessoas que apenas ouvem o eco da sua voz.
Solidão é sentirmo-nos perdidos numa grande cidade onde não temos amigos que nos escutem, nos compreendam e dêem os parabéns pelas coisas boas que fazemos.
É dolorosa a solidão do rapaz que está num campo de futebol, tem uma bola, mas não tem um amigo para jogar.
Solidão tem o menino ou a menina que fizeram um desenho muito bonito e não têm um pai ou uma mãe a quem o mostrar.
Solidão é o que sente uma pessoa que acaba de fazer uma experiência muito bonita e não tem com quem a partilhar.
A solidão brota quando o amor não surge no dia a dia das nossas relações com os outros.
Quando a solidão invade o coração, dos olhos brotam lágrimas que parecem gotas cristalinas de chuva a cair do céu.
Quando a solidão te invadir põe-te esta pergunta: “Que hei-de fazer para amar alguém?”
O que é que eu posso partilhar com os outros, a fim de os ajudar a ser mais felizes?
O amor é o único alicerce sólido para edificar uma pessoa realizada e feliz. continua...
Sobre o amor... mal amado é a pessoa entrevistada...
ResponderExcluirSobre a festança... VOCÊ É DOIDA MÃE!!!
Esse negócio da torre mexeu comigo vovó... fiquei aqui pensando: Será que eu construi uma torre a minha volta, sem portas nem janelas? Acho até que isso pode ser possível. Eu estou há tento tempo sozinha que me acostumei e até gosto... Preciso refletir sobre essa situação melhor. Obrigada por me fazer pensar dessa forma mãezinha!
ResponderExcluirGrande beijo!
Gostei do post, Rô, vc sempre nos fazendo pensar...
ResponderExcluirSabe, eu acredito que existem diversas formas de solidão. Às vezes desejamos, de fato, ficar sozinho, com nossos pensamentos, nossas reflexões, e isso é saudável, e eu diria mais: necessário. Não concordo muito com o entrevistado. Na verdade ele é um pobre solitário. Às vezes a pessoa é só por opção e sente-se feliz assim, outras vezes é algo imposto, e a pessoa se revolta, ou acaba acostumando, outras vezes podemos estar rodeados de pessoas e ainda nos sentirmos sós. Eu acho muito triste a solidão. Ela dói. Nascemos em sociedade, precisamos conviver com nossos semelhantes, são essas experiências, essas trocas que nos fazem crescer... Acho que é possível ser feliz sozinho, aliás, acho que a felicidade deve brotar em primeiro lugar de dentro de nós mesmos e não devemos esperar tudo do outro, mas também acredito muito no amor, todos os tipos de amor: como é bom ter amigos, família, ter pessoas com quem somar, dividir...
Concordo plenamente com vc, Rô: pobre homem, esse psiquiatra. Esse tipo de solidão que ele fala indica mesmo uma pessoa egoísta. Pessoas assim sofrem muito. Que Deus tenha piedade delas...
Beijos e vamos forrozar pra espantar a solidão!!! :-)
Oi querida. Passei para te desejar um bom final de semana; Estou de férias;
ResponderExcluirMaravilhoso teu post, Rô!
ResponderExcluirTu tens toda razão quanto ao psiquiatra. Quando ele estver com mais idade e precisar de alguém por perto a quem vai recorrer? O dinheiro não paga!
Bom findi!
Bjim.
Rô
ResponderExcluirEu não sei rotular ninguém, de verdade. Brinco muito, você bem sabe, mas quando vejo uma pessoa defender coisas profundas dessa forma, no mínimo invertida, eu sempre imagino o que levou ela a essas conclusões... ele tem a razões dele...Relacionamento, conjugal ou não, pra mim é coisa muito complexo, isso porque eu sou particularmente complexa. Não quero transferir a filho ou a marido minha felicidade, nem minha segurança na minha velhice...são inúmera histórias de pessoas que amaram e se dedicaram mas que estão sozinhas, isso de amar esperando o retorno, a garantia de... é cilada. Amo por mim mesma! Amo pelo aprendizado da entrega, da doação, porque quem dá recebe em dobro. E peço a Deus todo dias discernimento para saber o lime do outro, e que o outro compreenda meus limites. Diversos livros nos diz que a felicidade esta em nós mesmos, mas continuamos buscando essa sonhada felicidade nos outros...são os valores sociais gravados em nossos cérebros. Costumo perguntar pra meus amigos pra quem esta dando certo? Quem esta feliz no casamento? Nunca consegui uma reposta positiva, no máximo estamos todos procurando uma forma de viver melhor juntos.
Acho que hoje não fiz você nem sorrir nem chorar, estou uma mocinha!
Beijo grande no seu coração!
Oi Querida Rô!! Pois é, eu sempre gostei muito de "ficar" sozinha, mas não de "estar" sempre sozinha como é o meu caso, neste momento.
ResponderExcluirPor sermos humanos, acredito mesmo que tenhamos a necessidade de nos expressar, sempre.
E, não vejo nada de errado de uma pessoa solteira ser feliz, pois com se sabe já nascemos completos, ninguém completa ninguém, e para estar feliz com alguém é preciso antes estar feliz com si próprio.
Adorei o post!! ;)))
Beijinhos